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terça-feira, 12 de maio de 2015

9 marcas de uma igreja doente

Por Kevin DeYoung

Graças a Mark Dever, muitos de nós estão acostumados com as 9 Marcas de uma Igreja Saudável. Por mais que a intenção nunca tenha sido a de dar a palavra final sobre tudo que uma igreja deve ser ou fazer, essas nove marcas tem sido de grande ajuda ao lembrar os cristãos (e os pastores em especial) do conteúdo necessário que muitas vezes nos esquecemos por viver em uma época guiada pela estética.

De certa forma, as nove marcas de uma igreja doente poderiam simplesmente ser o oposto de tudo aquilo que torna uma igreja saudável. Assim, igrejas doentes ignoram membresia, disciplina, pregação expositiva e todo o resto. Mas os sinais dos males da igreja nem sempre são tão óbvios. É possível que sua igreja ensine e entenda todas as coisas certas e mesmo assim esteja em um estado terrivelmente doentio. Sem dúvidas, há dezenas de indicadores de que uma igreja se tornou disfuncional e doentia. Mas vamos nos limitar a nove.

Aqui estão nove marcas de que sua igreja – mesmo que acredite na Bíblia, pregue o evangelho e abrace uma boa eclesiologia – talvez esteja doente.

1. Quanto mais periférico o assunto do sermão, mais as pessoas se empolgam. Uma das coisas que eu sempre amei na minha igreja é que os sermões que eles mais amam são os que lidam com os temas mais centrais da Bíblia. Eles amam ouvir sobre pecado e salvação, sobre a glória de Deus, sobre providência, sobre Cristo e a cruz. Não é que eles nunca ouçam (ou não gostem de ouvir) sermões sobre o fim dos tempos, questões sociais, mordomia financeira, casamento ou criação de filhos, mas eles parecem mais apaixonados pelas mensagens que focam em culpa, graça e gratidão. Fico preocupado quando uma congregação se cansa de ouvir sobre a Trindade, expiação, novo nascimento ou a ressurreição e quer ouvir outra longa série sobre como lidar com stress ou as 70 semanas de Daniel.

2. A equipe ministerial da igreja não gosta de ir trabalhar. Todo emprego tem seus altos e baixos. Todo escritório terá suas tensões de tempos em tempos. Mas líderes leigos devem notar quando a equipe ministerial da igreja parece desanimada, infeliz e parecem se arrastar para igreja todos os dias. Os membros da equipe ministerial aparentam gostar de estar perto uns dos outros? Eles falam entre si como amigos? Você os vê rindo juntos? Se não, talvez haja algum desgaste, conflito ou algo pior.

3. O pastor e sua esposa não se dão bem. Eu não estou falando de eventuais discordâncias ou crises que todo casal eventualmente enfrenta. Estou falando de um casamento que se tornou frio e sem amor, um relacionamento agressivo e sem paixão. Toda igreja deveria ter algum tipo de dinâmica para questionar o pastor e sua esposa sobre como seu casamento está indo (ou se não está). Igrejas podem suportar uma grande dose de conflito, mas raramente serão lugares saudáveis e alegres se o pastor e sua esposa estão secretamente (ou abertamente) infelizes e doentes.

4. Quase ninguém sabe para onde vai o dinheiro. Igrejas lidam com suas finanças de formas diferentes. Conforme elas crescem, pode ser difícil, e até desaconselhável, que todo mundo na igreja tenha algum tipo de voto sobre a alocação de cada centavo. Entretanto, quando se trata de finanças, tender para o lado da transparência raramente é uma má ideia. No mínimo, deve haver mais do que apenas um pequeno grupo de pessoas que sabem (e decidem) para onde o dinheiro vai. Não faça do sustento do pastor uma questão de segurança nacional.

5. A liderança nunca muda, ou sempre muda. Ambos são sinais alarmantes. Por um lado, igrejas se tornam centradas em si mesmas quando nunca há sangue novo entre seus líderes. Se seus presbíteros, diáconos, líderes, pastores auxiliares, professores de EBD e líderes de música são os mesmos da época da ditadura militar, você tem um problema. Talvez os velhos líderes são gananciosos com o poder, talvez ninguém esteja sendo treinado, talvez nenhuma pessoa nova tenha se tornado membro da igreja nos últimos vinte anos. Todos esses são grandes problemas. Por outro lado, se os presbíteros nunca parecem interessados em servir mais um mandato, os líderes nunca permanecem por mais de alguns anos e os voluntários se voluntariam apenas uma vez, a cultura da sua igreja pode ser muito restritiva, muito cheia de conflitos ou muito intransigente com pequenas falhas.

6. Ninguém nunca se levanta para o ministério pastoral ou é enviado para o campo missionário. Boa pregação inspira jovens a pregar. Clareza a respeito do evangelho leva homens e mulheres a compartilhar o evangelho com aqueles que não o conhecem. Igrejas pequenas podem não enviar trabalhadores todo ano, mas a congregação que quase nunca produz pastores e missionários quase nunca é uma igreja saudável.

7. Há um gargalo no processo de decisões. Isso pode ser culpa da congregação. Alguns membros da igreja insistem em aprovar cada decisão, de contratação de funcionários à duração do culto e à proverbial cor do carpete. Se todo mundo precisa votar sobre toda decisão, sua igreja nunca será maior que o número de pessoas que pode votar em todas elas com sabedoria (o que é, normalmente, muito pequeno). Mas o gargalo também pode ser culpa do pastor. Em algumas igrejas, nada acontece sem a aprovação pessoal e supervisão direta do pastor – uma receita certa para rixas, crescimento reprimido e afastamento de líderes capacitados.

8. A pregação se tornou inconstante. Isso pode ocorrer de diversas formas. Talvez o pastor já não abra o púlpito para outros pastores da equipe ministerial e um eventual convidado. Talvez o contrário esteja acontecendo e o pastor parece estar recorrendo mais às alternativas do que deveria. Talvez a pregação tenha se tornado mais agressiva, talvez sempre bata na mesma tecla ou mostra sinais de falta de preparação. Talvez você tenha notado que o pregador está cada vez mais dependente de vídeos projetados ou esboços de sermão pré-preparados, ou constantemente reaproveita sermões de pouco tempo atrás. Ninguém quer que a pregação seja entediante. Alguma variação é esperada e bem-vinda. Mas tente observar mais de perto se os pregadores parecem doutrinariamente instáveis, irritados ou exaustos.

9. Há problemas que todo mundo sabe mas que ninguém fala abertamente. Igrejas doentes muitas vezes tem uma grande regra informal: a pessoa que fala dos nossos problemas é o problema. Pode ser um pastor que não sabe pregar, um pianista que sempre sai na hora do sermão, um presbítero que aparenta ter problemas matrimoniais, um líder de jovens que não sabe falar com os mais novos, um diácono que não parece se dar bem com ninguém ou um líder que lidera por força e intimidação. Claro, muitos problemas devem ser resolvidos de forma privada e discreta, mas isso não é desculpa para varrer para debaixo do tapete o que é claro e visível para todos. Lidar com o que todo mundo sabe é, muitas vezes, o primeiro passo para minar o poder de um problema.

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Kevin DeYoung é o pastor principal da University Reformed Church, em East Lansing (Michigan). Obteve sua graduação pelo Hope College e seu mestrado em teologia pelo Gordon-Conwell Teological Seminary. É preletor em conferências teológicas e mantém um blog na página do ministério ­ The Gospel Coalition.

Fonte: Reforma 21

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Principais conceitos na espiritualidade reformada


  Por Michael Horton


1. União com Cristo
Toda doutrina relacionada à salvação e à vida cristã deve ser orientada em torno dessa pedra de toque da fé. Nenhuma teoria de crescimento ou desenvolvimento cristão pode obscurecer ou ignorar esse fato central. Na espiritualidade reformada, o objetivo e o subjetivo, o exterior e o interior, estão ligados inseparavelmente por essa realidade. “Em Cristo” somos justificados e estamos sendo santificados.

2. Justificação pela Fé Somente
“Declarado justo”: essa expressão jurídica é o cerne das Boas Novas. Se buscarmos obter o favor divino por meio da nossa vontade ou do nosso correr, terminaremos rapidamente com a justiça própria ou o desespero. O progresso na obediência vem somente à medida que reconhecemos Cristo como sendo nossa justiça, santidade e redenção.

3. Santificação
Eis aqui outra palavra bíblica essencial. Uma vez declarado justo pela imputação da justiça de Cristo, agora crescemos em justiça pessoal em união com Cristo e Sua justiça. Em nossa salvação, não contribuímos com nada, exceto o nosso pecado. Mas uma vez regenerados pela graça de Deus (à parte da nossa cooperação), estamos livres para cooperar com o Espírito Santo pela primeira vez. A santificação, portanto, diferente da regeneração, justificação, etc., requer a nossa energia e participação. Crescemos na graça e no conhecimento de Cristo, ativamente animados pelo evangelho. Tanto a justificação como a santificação são dom de Deus, em virtude da nossa união com Cristo.

4. Chamado/Vocação
Também relacionado ao “sacerdócio de todos os crentes”, essa doutrina reformada enfatiza o fato que tudo o que fazemos honra a Deus se o fizermos em fé. Um lixeiro não é menos espiritual que um missionário. Deus criou cada um de nós com certos dons e nós devemos encontrar significado e realização não somente nas coisas relacionadas à igreja, mas em nosso trabalho e lazer também. Essa doutrina, mais do que qualquer outra, foi responsável pelo que veio a ser identificado como “a ética protestante de trabalho”.

5. Sacramentos
Batismo e Santa Ceia, na espiritualidade reformada, figuram proeminentemente como “meios de graça”. Batismo é o começo da nossa vida em Cristo, e na Santa Ceia nos alimentamos de Cristo – o Pão da Vida – ao longo da nossa jornada no deserto

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Fonte: Revista Modern Reformation, Volume 5, Número 6, Nov/Dez 1996.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Via: Monergismo

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A incapacidade de vir a Cristo


Por Robert Murray M'Cheyne

 

Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia (João 6.44) 

Quão surpreendente é a depravação do homem natural! 
As Escrituras nos ensinam isso abundantemente. Todo pastor fiel levanta a sua voz como uma trombeta, para mostrar isto às pessoas. E a primeira obra do Espírito Santo, no coração, é convencer do pecado. 

Na Palavra de Deus, não existe uma descoberta mais terrível sobre a depravação do homem natural do que estas palavras do evangelho de João. Davi afirmou: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Deus falou por meio do profeta Isaías (48.8): “Eu sabia que procederias mui perfidamente e eras chamado de transgressor desde o ventre materno”. E Paulo disse: “Éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). Mas nesta passagem de João somos informados de que a incapacidade do homem natural e sua aversão por Cristo são tão grandes, que não podem ser vencidas por qualquer outro poder, exceto o poder de Deus. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44). Nunca houve um mestre como Cristo. “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46). Ele falava com muita autoridade, não como os escribas, mas com dignidade e poder celestial. Ele falava com grande sabedoria. Falava a verdade sem qualquer imperfeição. Seus ensinos eram a própria luz proveniente da Fonte de Luz. Ele falava com bastante amor, com o amor dAquele que estava prestes a dar a sua vida em favor de seus seguidores. Falava com mansidão, suportando a ofensa contra Ele mesmo vinda dos pecadores, não ultrajando quando era ultrajado. Jesus falava com santidade, porque era Deus “manifestado na carne”. Mas tudo isso não atraía os seus ouvintes. Nunca houve um dom mais precioso oferecido aos homens. “O verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá... Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6.32, 35). O Salvador de que as pessoas condenadas necessitavam estava diante delas. Sua mão lhes foi estendida. Ele estava ao alcance delas. O Salvador ofereceu-lhes a Si mesmo. Oh! Que cegueira, dureza de coração, morte espiritual e impiedade desesperadora existem na pessoa não-convertida! Nada pode mudá-la, exceto a graça do Todo-Poderoso. Ó Homem destituído da graça de Deus, seus amigos o advertem, os pastores clamam em voz alta, a Bíblia toda o exorta. Cristo, com todos os seus benefícios é colocado diante de você. Todavia, a menos que o Espírito Santo seja derramado em seu coração, você permanecerá um inimigo da cruz de Cristo e destruidor de sua própria alma. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer”. 

Quão invencível é a graça de Jeová! 
Nenhuma criatura tem o poder de atrair o homem a Cristo. Exibições, evidências miraculosas, ameaças, inovações são usadas em vão. Somente Jeová pode trazer a alma a Cristo. Ele derrama seu Espírito com a Palavra e a alma sente-se alegre e poderosamente inclinada a vir a Jesus. “Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder” (Sl 110.3). “Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil?” (Gn 18.14.) “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor; este, segundo o seu querer, o inclina” (Pv 21.1). 

Considere um exemplo: um judeu estava assentado na coletoria, próxima à porta de Cafarnaum. Sua testa estava enrugada com as marcas da cobiça, e seus olhos invejosos exibiam a astúcia de um publicano. Provavelmente ele ouvira falar de Jesus; talvez o tivesse ouvido pregando nas praias do mar da Galiléia. Mas seu coração mundano ainda permanecia inalterado, visto que ele continuava em seu negócio ímpio, assentado na coletoria. O Salvador passou por ali e, olhando para o atarefado Levi, disse-lhe: “Segue-me!” Jesus não disse mais nada. Não usou qualquer argumento, nenhuma ameaça, nenhuma promessa. Mas o Deus de toda graça soprou no coração do publicano, e este se tornou disposto. “Ele se levantou e o seguiu” (Mt 9.9). Agradou a Deus, que opera todas as coisas de acordo com o conselho da sua vontade, dar a Mateus um vislumbre salvador da excelência de Jesus; a graça caiu do céu no coração de Mateus e o transformou. Ele sentiu o aroma da Rosa de Sarom. O que significava o mundo agora para ele? Mateus não se importava mais com os lucros, os prazeres e os louvores do mundo. Em Cristo, ele viu aquilo que é mais agradável e melhor do que todas essas coisas do mundo. Mateus se levantou e seguiu a Jesus. 

Aprendamos que uma simples palavra pode ser abençoadora à salvação de almas preciosas. Frequentemente somos tentados a pensar que tem de haver algum argumento profundo e lógico para trazer as pessoas a Cristo. Na maioria das vezes colocamos nossa confiança em palavras altissonantes. No entanto, a simples exposição de Cristo aplicada ao coração pelo Espírito Santo vivifica, ilumina e salva. “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6). Se o Espírito age nas pessoas, estas simples palavras: “Segue a Jesus”, faladas em amor, podem ser abençoadas e salvar todos os ouvintes. 

Aprendamos a tributar todo o louvor e glória de nossa salvação à graça soberana, eficaz e gratuita de Jeová. Um falecido teólogo disse: “Deus ficou tão irado por Herodes não lhe haver dado glória, que o anjo do Senhor feriu imediatamente a Herodes, que teve uma morte horrível. Ele foi comido por vermes e expirou. Ora, se é pecaminoso um homem tomar para si mesmo a glória de uma graça tal como a eloquência, quão mais pecaminoso é um homem tomar para si a glória da graça divina, a própria imagem de Deus, que é o dom mais glorioso, excelente e precioso de Deus?” Quantas vezes o apóstolo Paulo insiste, em Efésios 1, que somos salvos pela graça imerecida e gratuita? E como João atribui toda a glória da salvação à graça gratuita do Senhor Jesus — “Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados... a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 1.5, 6). Quão solenes foram as palavras de Jonathan Edwards, em sua obra Personal Narrative (Narrativa Pessoal)! “A absoluta soberania e graça gratuita de Deus, em demonstrar misericórdia àquele para quem Ele quer expressar misericórdia, e a absoluta dependência do homem quanto às operações do Espírito Santo têm sido para mim, frequentemente, doutrinas gloriosas e agradáveis. Estas doutrinas têm sido o meu grande deleite. A soberania de Deus parece-me uma enorme parte de sua glória. Tenho sentido deleite constante em aproximar-me de Deus e adorá-Lo como um Deus soberano, rogando-Lhe misericórdia soberana”. 

Ao sentir-me à graça um grande devedor 
Sou constrangido sempre, a todo instante! 
Que esta graça, com algemas, meu Senhor, 
Prenda somente a Ti meu coração hesitante. 
 
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Robert Murray M’Cheyne (1813-1843) foi ministro de St Peter’s Church Dundee, Escócia (1836-1843). Foi um piedoso pastor evangélico e evangelista com grande amor pelas almas.
 
Fonte: Os Puritanos